A indústria brasileira, especialmente as pequenas e médias, ainda estão muito distantes do que prevê o conceito de Indústria 4.0, encontrando-se na fase de transição da chamada fase industrial 4.0.
Em termos comparativos, se a inovação na indústria brasileira continuar no ritmo atual o país levará 100 anos para chegar ao nível em que a Alemanha se encontra atualmente. Pesquisa realizada pelo Senai Nacional mostrou que 57% das pequenas e médias empresas desconhecem o conceito de Indústria 4.0.
O tema está sendo debatido em Cuiabá, nesta semana, no Fórum Indústria 4.0, evento promovido pela Federação das Indústrias dos Estados de Mato Grosso (Fiemt) e Senai-MT, e que integra a programação da Feira do Empreendedor. Acompanhe a matéria especial do MT Econômico sobre o tema.
O conceito de indústria 4.0 surgiu em 2011, na Feira de Hannover (Alemanha), nele é previsto uma completa descentralização do controle dos processos produtivos e uma proliferação de dispositivos inteligentes interconectados, ao longo de toda a cadeia de produção e logística, gerando impactos diretos na produtividade. O impacto da inovação do conceito 4.0 na indústria é comparável ao que foi proporcionado pela internet em diversos outros campos, como comércio eletrônico, nas comunicações pessoais e nas transações bancárias.
Infelizmente, essa realidade é bastante distante da maioria das pequenas e médias indústrias no Brasil. A produtividade industrial nacional é de apenas 25% quando comparada a americana, isto é, são necessários quatro trabalhadores brasileiros para um trabalhador americano, para ser realizada a mesma operação. Isto significa perdas e baixo desenvolvimento econômico.
Ainda nesta semana, foi divulgado que o Brasil estagnou em competitividade digital. O estudo do Núcleo de Competitividade Global do IMD (World Competitiveness Center), escola de negócios da Suíça, revelou que, em comparação com 2018, o Brasil continuou em 57º lugar entre as 63 economias analisadas. A falta de avanço em tecnologia afetou a competitividade geral do país – que desceu cinco posições no ranking, para 59º lugar. O primeiro lugar ficou com os Estados Unidos, seguido de Cingapura, Suécia, Dinamarca e Suiça.
“As mudanças na produção, trazidas pela inovação, são cada vez maiores e mais rápidas. A velocidade das transformações impressiona. Os períodos de transformações no trabalho e na produção têm ficado cada vez mais próximos. As empresas que não seguem este novo padrão ficarão para trás, perderão espaço e tendem a desaparecer, apontou o especialista em Desenvolvimento Industrial da Gerência de Tecnologia e Inovação do Senai Nacional, José Eduardo Santos Oliveira, que durante o Fórum proferiu a palestra “Indústria 4.0: cenários e desafios para a competitividade industrial em Mato Grosso”.
Mato Grosso na Indústria 4.0
José Eduardo destaca que as grandes indústrias conseguem se inserir no campo da inovação por conta própria, já as pequenas e médias ainda necessitam da ajuda de programas, projetos e universidades. Um destes programas é o Senai 4.0 – Programa de Apoio a Competitividade na Indústria, uma plataforma digital disponível aos empresários para que tenham mecanismos para inserir seu empreendimento no conceito de Indústria 4.0, segundo apurado pelo MT Econômico durante o evento.
Desde sua implantação em 2016, o programa atendeu três mil empresas com assessoria em investimento em inovação e novas tecnologias. O resultado foi um aumento da produtividade de, em média, 52%. “A Indústria 4.0 é acessível a todos, são pequenos investimentos e ações de baixo custo com alto retorno”, diz José Eduardo.
Recente pesquisa realizada também pela plataforma Senai 4.0 mostrou que os empresários de Mato Grosso são os mais interessados em informações e investimentos em inovação e tecnologias. O estado foi responsável por 20,67% dos questionamentos respondidos através da plataforma. O segundo lugar ficou com a Paraíba com 9,27% de interesse.
A plataforma trabalha com quatro objetivos dentro do conceito Indústria 4.0: a indústria deverá ter seus processos produtivos mais enxutos; a indústria deve requalificar trabalhadores e gestores; a inserção na indústria 4.0 iniciará por meio de tecnologias já disponíveis e de baixo custo; a indústria investirá em pesquisa, desenvolvimento e inovação.